Análises

Star Wars: Knights of the Old Republic II – The Sith Lords

Star Wars: Knights of the Old Republic II – The Sith Lords

O quão difícil é produzir a sequência de um jogo aclamado pela crítica e fãs? Não é incomum ver estúdios penando para conseguir manter o nível de seus antecessores, principalmente quando a responsabilidade de produzir tal tarefa é passada a outro estúdio que não participou do desenvolvimento do game anterior, como no caso de Bioshock 2. KOTOR II (como é chamado por fãs da série) consegue manter em partes o que o excelente jogo da BioWare conseguiu fazer em 2003, como apresentar uma boa trama, opções que mudam o enredo, bons personagens e muitas horas de jogatina, chegando facilmente a mais de 30 horas de jogo, mas infelizmente pecou em pontos chaves que tiraram a chance de almejar algo a mais, ficando apenas na média de “um bom jogo de RPG”.

História inacabada

Após os eventos finais do primeiro game (KOTOR I), uma grande guerra civil dos Jedi afligiu a galáxia e as forças restantes da República, entre aqueles que discordavam dos ensinamentos de Revan e os que o apoiavam. O resultado disso foi ainda mais destruição e o quase extermínio de todos os Jedi, sendo que a última consequência teve auxilio dos Sith, que dessa vez agem de forma furtiva e sem criar estardalhaços sobre sua presença, caçando e assassinando vários Jedi silenciosamente.

A história do jogo começa cinco anos após a guerra civil, onde o jogador encarna um Jedi conhecido como “o exilado”, já que foi expulso da Ordem Jedi por seguir Revan e Malak durante a guerra contra os Mandalorianos. Nos primeiros momentos do jogo, a Ebow Hawk, agora tripulada pelo exilado e seus companheiros, é atacada pelas forças dos Sith deixando o personagem principal inconsciente. Nesse momento o jogador assume o controle do simpático robozinho T3-M4 (presente no primeiro game da série), em uma tentativa de fazer a Ebow Hawk posar com segurança em uma pequena estação próxima.

Podemos dizer que a Obsidian Entertainment realmente foi ousada, pois deixou a possibilidade de portar a maioria dos personagens do jogo anterior, com os quais o jogador já criou profundos laços, para apresentar muitos novos tripulantes a valente Ebow Hawk, inclusive com um novo personagem principal que, dentro da história do jogo, não possui nome e sempre é chamado de Exilado, o que abre a possibilidade de permitir ao jogador escolher o nome e sexo que preferir para seu personagem, assim como aconteceu no game anterior.

No geral, a ousadia da Obsdian é recompensada com uma ótima trama, que a exemplo do game da BioWare, é cheia de mistérios e algumas surpresas bem significativas durante a jogatina, que variam conforme suas escolhas, que podem leva-lo tanto para o lado negro da força seguindo os ensinamentos dos Sith ou ao caminho de auto-sacrifício dos Jedi, que buscam pela paz e ordem na galáxia.

Para auxiliá-lo durante sua aventura na luta contra os Sith (ou contra os Jedi, dependendo de suas escolhas), temos a volta de alguns personagens conhecidos do game anterior, como do robozinho de mil e uma utilidades T3-M4, além de muitos outros personagens novos, cada um com um motivo diferente para juntar-se a tripulação da Ebow Hawk. O relacionamento bom ou ruim com seus companheiros rendem consequências e benefícios e cada um deles requer uma abordagem diferente para ganhar pontos positivos com os mesmos, como Kreia que obriga ao jogador a não ser tão bonzinho com seus demais companheiros para conseguir “ficar bem na fita” com ela. Isso é um grande ponto positivo em relação ao jogo anterior, deixando as relações com seus companheiros mais humanizada, uma vez que ser bonzinho com todo mundo não funciona mais e, inclusive, tal atitude pode gerar pontos negativos com outros personagens.

Se por um lado esse trabalho da Obsidian permite uma relação mais humana com seus companheiros o mesmo não pode ser dito do desenvolvimento dos personagens, que peca pela falta de profundidade. O jogador dificilmente conseguirá firmar muitos laços com seus novos amigos, já que os seus companheiros não são bem explorados, contando com uma quantidade de diálogos possíveis com cada um muito inferior ao que acontecia no game anterior. Esse tipo de situação acaba deixando estranha a relação de companheirismo entre a tripulação e seu personagem, por vezes soa muita forçada, como os possíveis romances do Jedi Exilado com Visas e Handmaiden, por exemplo, que subitamente começam a ter sentimentos pelo personagem, abandonando todos os seus ensinamentos e passado sem muito esforço.

O fraco desenvolvimento dos personagens (tanto de seus companheiros quanto dos inimigos) não é a única mancha de KOTOR II, principalmente porque a história do jogo da Obsidian possuí muitos furos e pontas soltas no roteiro, sem contar o final que é no mínimo decepcionante e que acaba não só deixando a história do game sem final, como também reabre a história de Revan e a deixa também sem um final digno. Com a recente decisão da Disney em fechar a LucasArts, os fãs deverão buscar outras fontes para tentar descobrir o que deveria acontecer em um provável terceiro título da série que nunca veio; há também algumas polêmicas e curiosidades sobre a história de KOTOR II que tratarei mais adiante na análise.

Jogabilidade praticamente idêntica

Star Wars: Knights of the Old Republic II – The Sith Lords apresenta exatamente a mesma mecânica de jogo de KOTOR I, com algumas melhorias bem vindas. Você ainda pode personalizar seu personagem e de seus companheiros a seu bel prazer, distribuindo pontos nos diferentes tipos de atributos, como skills, feats, powers entre outros; a opção de “auto level up” está disponível novamente. Em relação a seu personagem, o jogador ainda tem a possibilidade de personalizar o nome, sexo e rosto, além de poder alterar também alguns aspectos de seu passado em momentos chave da aventura, principalmente quando seu personagem relembra sobre eventos de sua vida como Jedi antes de ser exilado ou fala sobre o assunto, possibilitando o jogador definir alguns pontos de seu passado através das opções de diálogos que aparecerão.

Os controles e combates, assim como as habilidades possíveis para adquirir, tanto no que diz respeitos aos “feats” e “powers” (poderes Jedi/Sith) também não sofrerão grandes inovações, com algumas habilidades passivas que foram adicionadas, mas nada muito longe disso. Uma adição bem vinda foram as diferentes técnicas no uso do Sabre de Luz e da Força, que contam com boas opções para diferentes situações, como técnicas com o Sabre para enfrentar vários oponentes de uma vez ou possibilitar melhor precisão na hora de rebater os disparos de pistolas e rifles lasers dos inimigos.

Outra melhoria muito bem vinda é o gerenciamento dos itens nos menus, dessa vez bem mais organizados e usando melhor o espaço na tela, permitindo uma visualização mais ampla sem aquela sensação de “menus espremidos” do jogo anterior. O upgrade de itens também foram melhorados, assim como a criação dos mesmos, já que agora é possível criar e “quebrar” itens para pegar partes necessárias na criação de armas, itens de cura, granadas, armaduras, upgrades entre outros.

A aventura em si continua muito gratificante, com muitas missões principais e secundárias para completar, que variam em seus objetivos, desde a sabotar androides, persuadir personagens para conseguir informações ou até mesmo jogar as divertidas partidas de Pazaak ou encarar as novas e difíceis corridas de KOTOR II. No geral, explorar e completar todas as missões de Knights of Old Republic II continua sendo tão gratificante e divertido como no primeiro jogo da série e irá mantê-lo ocupado por um bom tempo, já que a jogatina pode render facilmente mais de 30 horas de jogo; eu fechei a aventura com 41 horas de jogo.

Pequenas melhorias gráficas

A Obsidian Entertainment teve pouco tempo para trabalhar nos gráficos, o que resulta em pequenas melhorias quase imperceptíveis. Uma das mais visíveis é nas roupas e capas dos Jedi e Sith, que agora não mais ficam “grudados” ao corpo dos personagens, dando a sensação de leveza que deveriam ter e se movimentando de forma bacana conforme os personagens lutam e se movimentam, mesmo que não sejam lá bem realistas. Também houve melhorias nas expressões faciais dos personagens, que dessa vez possuem mais movimentos faciais, o que ajuda a criar um clima mais agradável nos diálogos e lutas. Já a modelagem e texturas, tanto dos personagens, itens e cenários não têm mudanças significativas na qualidade, com um ou outro cenário se destacando em relação ao jogo anterior, assim como as modelagens, que são somente um pouco melhores.

A parte sonora é basicamente a mesma, com os mesmos competentes efeitos sonoros do jogo anterior, com a exceção feita ao trabalho de dublagem, que conta com novos dubladores e continua excelente, acima da média. A trilha sonora é o que se espera de um jogo da franquia Star Wars, com algumas novas composições que fazem jus a altíssima qualidade vista em KOTOR I.

No geral, KOTOR II nada mais é que o jogo de 2003 com alguns retoques de maquiagem para tentar passar a sensação de novidade, no que diz respeito aos gráficos e sons.

Polêmicas, bugs e decepções.

Como disse acima, Knights of the Old Republic II tem muitos furos e pontas soltas na trama inteira, com alguns pontos muito importantes da trama sendo deixadas de lado e personagens mencionados durante a aventura que sequer são vistos em um dos dois jogos da série, deixando muitos fãs a deriva, sem rumo e com muitas duvidas. O final decepcionante, que não apresenta um final digno para o tamanho da série, furos no roteiro, tudo isso passa a clara sensação de um produto inacabado e, exatamente isso é uma das maiores polêmicas que envolvem o título da Obsidian e LucasArts.

Muitos fãs, na época, indignados com o final que o game apresentava buscaram pesquisar a fundo o motivo de ter tantas falhas na trama de KOTOR II e, alguns conseguiram descobrir dentro do CD do jogo material deixado pela Obsidian que deveria estar presente na aventura, mas que foi cortado por falta de tempo. Entre o material cortado, estariam os diferentes e complexos finais da trama, missões importantes para a história e grandes áreas para explorar que foram cortadas; durante a aventura, é possível achar muitas portas fechadas que não possuem chaves nem outros métodos para abrir, inclusive algumas que teoricamente deveriam permitir o acesso ao jogador, já que mostram no mapa como portas “destrancadas”.

Uma das muitas especulações para que todo esse material fosse retirado da versão final do jogo é a de que a LucasArts, publicadora e dona dos direitos do jogo, queria de qualquer maneira que o jogo fosse lançado na época natalina para conseguir maiores vendas, não importando o estado que o jogo se encontrasse e, de fato isso ocorreu, mostrando que KOTOR II pode realmente ser um jogo incompleto. Tal fato revoltou muitos fãs, que inclusive chegaram a criar petições on-line pedindo para que a LucasArts lançasse um terceiro game ou liberasse os verdadeiros finais do jogo, algo que nunca ocorreu e, provavelmente, dificilmente ocorrerá já que o estúdio foi recentemente fechado pela Disney, que adquiriu os direitos da empresa ao comprar a Lucasfilms.

A todos aqueles que jogarem KOTOR II, resta pesquisar sobre o material que os fãs encontram no CD ou recorrer as Novels de Old Republic, que complementam a história dos jogos com um nível de detalhes bem maior. Para aqueles com interesse basta pesquisar em sites de pesquisas pelo termo Star Wars: The Old Republic (novel series), que inclusive detalha de uma forma bem melhor o personagem principal, que segundo as Novels, chama-se Meetra Surik e é uma mulher; porém, para desfrutar da melhor maneira possível todo o material presente na web é preciso ter um bom nível de conhecimento em Inglês, pois muito do material esta disponível apenas na língua norte americano/britânica.

Além das polêmicas e decepções em torno da série Knights of The Old Republic, o jogo da Obsidian conta com alguns bugs incômodos, como os efeitos de faíscas dos sabres de luz que somem, erros (crashes) no áudio e alguns bugs que comprometem o andamento do jogo, como em uma missão onde o dependendo da opção de diálogo que o jogador escolher o jogo acaba entrando em um bug bizarro, que fica dando voltas nos eventos e não permite ao jogador avançar na história, obrigando que o mesmo carregue um save antigo e escolha a opção “correta” para conseguir sair desse erro.

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