Análises

Super Mario Bros 3

Super Mario Bros 3” foi lançado em 1988 no Japão, para o saudoso NES, ou “Nintendinho”, como era carinhosamente chamado na época – a versão americana veio somente dois anos depois. Era o retorno da série à mecânica de jogo tradicional – já que “Super Mario Bros 2” era realmente muito estranho, curiosamente, somente a versão americana – e foi um sucesso absoluto, tanto de crítica quanto de vendas, atingindo a impressionante marca de aproximadamente 18 milhões de cópias vendidas no mundo. É considerado por muitos (inclusive por este que faz a análise) como o melhor jogo de Mario, além de ser figura constante em listas de melhores jogos de todos os tempos, tamanha foi a competência e capricho por parte da Nintendo em seu desenvolvimento, dando um digno adeus da série ao nosso querido Nintendinho; “Super Mario Bros 3” foi o último jogo de Mario que saiu para o Nes.

História – Sim, ela é pequena, mas existe

O reino do cogumelo estava em paz, graças aos esforços de Mario e Luigi. Porém, o Reino dos Cogumelos forma uma entrada para o Mundo dos Cogumelos, aonde as coisas vão de mal a pior. Bowser enviou seus sete filhos para os diferentes mundos para fazerem as travessuras que bem entenderem. Lá, cada um deles roubou os cetros dos reis e os transformaram em animais. Cabe agora a nossos companheiros encanadores recuperar os cetros e devolverem os reis a suas formas originais com auxilio da princesa Peach, que se comunica com os heróis através de cartas. Tudo, no entanto, não passou de uma mera distração para que Bowser pudesse capturar a princesa Peach. Com essa “mirabolante” história, damos início a nossa aventura no Mundo dos Cogumelos.

O velho e bom Mario, mas com muitas novidades

Se você jogou qualquer um dos títulos da série, não encontrará nenhum empecilho para jogar SMB3, já que a mecânica é praticamente a mesma de “Super Mario Bros”, porém com muitas novidades e melhorias, a começar pelo modo que se navega pelas fases, que não mais possui uma transição direta, mas sim um mapa do mundo atual, onde estão todas as fases e castelos que deveremos desbravar, além dos chefes de cada mundo, os navios dos filhos de Bowser, sendo que o último mundo tem como chefe, o próprio pai.

Existem ao todo oito mundos, cada qual com seu respectivo mapa que traz particularidades próprias, e quando digo isso estou falando sério, cada mundo possui uma trilha sonora diferente, visual diferente, desafios próprios além de vários itens secretos e roupagens únicas para nosso encanador, sendo talvez, a única coisa que se repita são os mini games existentes em cada mundo, além dos minis-boss, que são praticamente idênticos, variando muito pouco – o mesmo pode-se dizer para os filhos de Bowser, que no geral, possuem praticamente mesmo comportamento com pequenas variações, exceção feita somente a Bowser. Falando dos mini games, existem ao todo quatro deles, que conferem ao jogador vidas extras e itens para ajuda-lo em sua aventura pelos vários mundos do game, alias, esta aqui outra adição muito interessante que é a coleta de itens, que são armazenados em um inventário, somente acessíveis no mapa de cada mundo – falarei dos itens separadamente, já que merecem destaque pela variedade.

As fases possuem dificuldade progressiva e moderada, proporcionando o desafio na medida certa, além de serem bem variadas trazem sempre novidades, seja ela um meio diferente de atingir o final, passagens secretas, itens que modificam a experiência da jogatina a caminhos alternativos. Cada final de fase – sem contar os castelos e os navios dos filhos de Bowser – possui um pequeno mini game, onde é preciso atingir uma pequena caixa para passar a fase. Ao fazer isso é dada ao jogador uma insígnia e ao conseguir três insígnias iguais vidas extras são conferidas, sendo que cada uma rende um número diferente de vidas – ao todo são três, cogumelo, flor de fogo e estrela, juntar insígnias diferentes confere apenas uma vida extra. Os mini games são muito bem vindos, pois além de trazerem uma diversão a mais, permitem aos novatos e jogadores menos hábeis, terem a chance de zerar o jogo, evitando assim o sentimento de frustração e tornando o game muito mais acessível, mesmo para quem nunca jogou um videogame – o Game Over também não significava ter de recomeçar do zero, mas sim iniciar o mundo atual novamente da primeira fase.

Novos itens, novos meios de jogar

Como disse antes, “Super Mario Bros 3” trouxe novos itens que mudam a experiência de jogo, sendo alguns deles únicos, como a famosa bota de Gomba, que pode ser adquirida em apenas uma fase. Uma das novidades é uma pequena barra formada por várias setas e um “P” no final, que se enche à medida que Mario/Luigi correm, e, ao atingir o P, caso esteja equipado com a Razor Leaf (peninha, para os mais íntimos) ou Tanooki Suit (roupa de guaxinim), permite ao jogador levantar voo por um breve período, atingindo lugares antes inacessíveis, passagens secretas, e, em algumas fases, o cano que leva ao final da mesma; uma das muitas inteligentes sacadas do “como chegar” ao final de cada fase. Abaixo citarei todos os novos itens com breves comentários de cada um.

– Raccoon Leaf: A folha que dá ao Mario rabo e orelhas de guaxinim. Permite voar quando a barra de energia estiver completa até o P, além de proporcionar um novo meio de ataque ao bigodudo, girando o rabo; esse movimento permite destruir blocos e derrotar a maioria dos inimigos. Também é possível bater o rabo em uma queda livre, diminuindo a velocidade com que Mario cai.

– Frog Suit: A roupa de Sapo, muito útil principalmente no mundo de água (Water World). Você pode pular distâncias maiores e, em fases submersas, Mario nada com muito mais eficiência e velocidade, ficando mais fácil controlar seus movimentos.

– Tanooki Suit: A famosa roupa de Guaxinim de Mario. Assim como a Raccon Leaf, é possível sobrevoar a fase assim que a barra de energia estiver completa, além do ataque de rabo. Porém ainda possui mais uma habilidade extra, que permite Mario virar uma estátua; nesse estado, Mario fica invencível por um curto momento, obviamente, impossibilitado de se mover.

– Hammer Brother’s Suit: Assim como os Hammer Brothers, clássicos inimigos de Mario Bros e presente aqui como um mini game, esse item confere a Mario mesma habilidade de jogar martelos.

– Goomba’s Shoe ou kuribo’s shoe: Uma bota, ao pé da letra, que só pode ser adquirida em uma fase. Com ela, além de dar saltos mais altos, é possível andar por cima de superfícies antes nocivas ao encanador – é uma pena que só podemos usa-la uma única vez em todo game.

– P-Wing: A Power Wing deixa Mario com a mesma roupa que a Raccon Leaf, porém com um P no peito. Com esse item a barra de energia ficará sempre cheia, permitindo levantar voo a hora que bem entender, sem precisar ganhar impulso e tendo tempo de voo ilimitado. Após terminar a fase com esse item, ela perde o P no peito e vira a Raccoon Leaf.

– Jugem’s Cloud: Somente pode ser usada nos mapas dos mundos, e transforma o Mario em uma nuvem. Com isso é possível passar por uma fase sem precisar joga-la.

– Warp Whistle: Uma flauta que, quando usada leva Mario a Warp Zone, onde há sete canos, cada um correspondendo a um mundo diferente. Existem apenas três delas no jogo, e tanto a aparência quanto nome é baseado na flauta mágica de Legend of Zelda.

– Music Box: Também só pode ser usada na tela do mapa, e faz com que os Hammers Brothers durmam; assim você pode passar por eles sem ter que enfrenta-los. A melodia do jogo muda quando usada.

– Hammer: Martelo que permite quebrar as pedras que bloqueiam o caminho na tela do mapa.

– Anchor: Obriga a navio (ou nave?) dos filhos de Bowser a ficarem parados na tela do mapa, evitando assim que elas voem pelo mapa caso você morra.

Some tudo isso aos já itens clássicos e o resultado será muita diversão.

Multiplayer

Assim como em Super Mario Bros, era possível chamar mais um amigo para encarnar os irmãos encanadores, Mario e Luigi. O sistema era quase idêntico aos jogos anteriores da série, com adição de duas novidades. A primeira era possibilidade dos jogadores “trocarem” suas vidas extras entre os personagens, evitando Game Over de seu amigo. A outra era um sistema de duelos entre os jogadores, onde se enfrentavam em uma arena fechada com os monstrinhos da série saindo de canos. Não era possível matar diretamente seu amigo, mas dava para empurra-lo para cima dos monstrinhos além de um bloco Power, que virava os monstrinhos de ponta cabeça e impedia o companheiro de se movimentar por alguns segundos. A novidade era bacana, mas o modo de jogo era um tanto quanto limitado, ainda mais se comparado com a grandiosidade da aventura.

Nintendinho levado ao limite

Tecnicamente falando, “Super Mario Bros 3” é um primor. Todas as fases possuem características próprias, com bastantes detalhes e remetem diretamente a seus respectivos mundos. Desde cavernas, fases submersas, fases no céu, tudo foi feito com atenção nos mínimos detalhes, com uma qualidade visual soberba para o console, além de um design de fases impressionante, que como dito antes, sempre adiciona novidade e novos meios de como encarar a aventura do bigodudo. Mario foi bem detalhado, além de suas diferentes roupas terem visual próprio, assim como os diferentes e exclusivos inimigos da aventura, que são ricos em detalhes e carismáticos, daqueles que você se lembrará para sempre; como se esquecer dos Gombas ou dos famosos fantasmas da série. Não houve economia de recursos, e a equipe de desenvolvimento usou de toda palhetas de cores disponíveis para o console, dando vida aos cenários e embelezando ainda mais as várias fases do game.

A trilha sonora mantém o alto nível da obra, tendo ao todo 35 faixas, desde apresentação até a tela de créditos. A alta variedade e qualidade acima da média para o console marcaram época, sendo belas composições e nunca enjoando o jogador na jogatina, além de encaixarem perfeitamente na temática das fases e mundos. Os efeitos sonoros são bem característicos e estão presentes em todo game, desde ao pulo do Mario a coleta de itens, complementando com chave de ouro a parte sonora da obra.

Definitivamente, “Super Mario Bros 3” levou o bom e velho console de 8 bits, o Nes, ao seu limite e tudo isso rodando com suavidade, sem lags ou atrasos, confirmando o atual cenário de que ninguém consegue extrair todo potencial dos consoles da Nintendo tão bem quanto a própria Nintendo.

Em 1993 foi lançado no mercado o “Super Mario All Stars” para Super Nintendo, que trazia uma coletânea com os jogos clássicos do Mario, dentre eles, “Super Mario Bros 3”, com gráficos e trilha sonora melhoradas, ou seja, o que era bom ficou ainda melhor.

Márcio Pacheco

Márcio Alexsandro Pacheco - Jornalista de games, cultura pop e nerdices em geral. Me add nas redes sociais (links abaixo):

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