Análises

Call of Duty: Ghosts

Quer você goste ou não, “Call of Duty: Ghosts” é o jogo mais comentado do momento. Todos estão falando dele, seja bem ou mal, e em seu primeiro dia de vendas já ultrapassou o recorde de GTA V, arrecadando mais de um US$ 1 bilhão, tornando-se o game mais bem sucedido da história. Produzido pela competente Infinity Ward, é o décimo título da série, e foi lançado para PS3, X360, PC e Wii U, com versões previstas também para PS4 e XOne. Mas, apesar dos números e de marcar presença nos assuntos de rodinhas de amigos, será que “Ghosts” vale o seu investimento de duzentos pila? Será que ele consegue trazer algo de novo na manjadíssima fórmula de jogos de tiro em primeira pessoa? Continue nos acompanhando e veja o que achamos dele.

Enfrentando países sul-americanos

Pode parecer estranho para nós, mas o Brasil é um dos principais inimigos dos EUA e dos “outros países do primeiro mundo“. O jogador controla soldados “Ghosts“, uma tropa de elite de operações especiais norte-americana, treinada para realizar missões clandestinas. A unidade é liderada por Elias Walker (dublado pelo ator Stephen Lang, o Coronel Miles de Avatar), ex-capitão do exército americano. Com ele estão os seus filhos Logan e David “Hesh” Walker, juntamente com Booth e Neptune, um pastor-alemão de nome Riley (o “cara” mais foda do jogo), e o Comandante Thomas A. Merrick.

A narrativa, que se passa em um futuro próximo (em 2023, por isso nada de armas avançadíssimas), revela que o Oriente Médio foi devastado após a fictícia Guerra de Tel Aviv, o que acabou criando uma crise global de energia, e quem se deu bem foram os países da América do Sul, que se tornaram os principais fornecedores de petróleo do mundo e formaram uma aliança chamada Federação. Os EUA colocam em órbita um satélite militar, que é na verdade uma super arma espacial chamada ODIN, mas para azar deles, é tomada pelas tropas da Federação e usada para atacar o continente norte-americano, resultando na morte de milhões de pessoas. Assim, os EUA deixam de ser uma superpotência e tornam-se vulneráveis à ameaças externas, desencadeando a trama do jogo.

A história apesar de bem fantasiosa, é criativa e tem os seus pontos altos (e baixos, particularmente, achei uma das mais fracas da série), como logo na introdução em que o jogador assume o comando de um astronauta no satélite ODIN no momento em que está sendo atacado, com doses de tensão e adrenalina garantidos – o cenário no fundo do mar também é inesquecível. Os personagens, como sempre na franquia, são bem carismáticos, acompanhamos a trajetória de um pai e seus dois filhos, mas quem rouba a cena mesmo é o cão-soldado-mega-estiloso Rileyvocê vai fazer de tudo para protege-lo.

Mais do mesmo

Não vou me alongar no modo campanha, pois quem adquire um FPS como esse certamente está mais interessado nos modos multiplayer, e a história solo acaba servindo apenas como “bônus” – bem curta por sinal, tem em média apenas cinco horas de jogo, por isso se você quer o jogo pela campanha, sugiro que fique com “Black Ops II” ou espere o preço cair bastante. Resumindo: mire, atire, ande, veja cutscenes hollywodianas, e então repita o procedimento.

No meio disso temos o cachorro sanguinário Riley, que pode ser controlado (infelizmente por pouquíssimo tempo, ele foi mal aproveitado) e é uma novidade muito bem-vinda na já manjada mecânica dos FPS, e também podemos encontrar alguns ambientes diferentes como tiroteio no espaço, rapel em arranha-céus, dentro de helicópteros, mergulhos em naufrágios – mas nada que um “Battlefield” já não tenha feito. Tirando isso, não espere coisas diferentes do que você já viu ou jogou em outros games do gênero, é a mesma coisa de sempre, com uma jogabilidade bem sólida e precisa, que não vai te deixar na mão (a não ser que você não seja muito habilidoso).

Graficamente o jogo não faz feio, mas também não é revolucionário, ao menos nos consoles da atual geração (e as versões de X360 e PS3 são quase idênticas, sem querer criar polêmicas). O visual segue o padrão da franquia CoD, sempre muito bem feitos e modelados, com boa utilização de iluminação, luzes e sombras e personagens bem definidos na tela – destaque para o cachorro, que muitas vezes parece ser real. As dublagens e sons também estão de alto nível, seguindo o esquema manjadão de sempre: metralhadoras, explosões, helicópteros, inimigos berrando (só em espanhol, nada de português, mesmo na fase em que se passa no Rio de Janeiro) e cachorro latindo. E falando em áudio, o jogo é totalmente dublado e com legendas em português, com excelente qualidade, o que mostra a preocupação de agradar o mercado brasileiro, o que claro sempre é muito bom.

Mas a Activision anda comendo bola e se queimando de graça, pois alguns fãs mais atentos perceberam que a empresa reciclou cenas cutscenesos “filminhos” entre uma área e outra – de jogos mais antigos da série, como podemos ver nesse vídeo aqui. Se esse é o resultado, de recortar e colar, da superprodução milionária que os fãs recebem, talvez esteja na hora de se espertarem e exigirem um produto de qualidade melhor.

Multiplayer variado e divertido

Mas enfim, a galera em geral curte FPS e CoD, então vamos ao que interessa: os modos multiplayer online. “Ghost” preserva muito das tradicionais experiências com vários jogadores simultâneos, mas também introduz algumas interessantes mudanças que o tornam mais personalizado e equilibrado. O sistema de customização do seu soldado é bem robusto, e inclusive é possível escolher mulheres, pela primeira vez na série. A interação com os ambientes é bem dinâmica e temos novos movimentos como escorregar e espreitar em esquinas e muros, o que deixa as partidas bem interessantes. Os mapas, 14 no total, apresentam cenários bem variados, com armadilhas e áreas que podem ser alteradas ou destruídas, o que vai garantir a diversão por um bom tempo.

Dos modos online incluídos, seis deles são os já manjados: Domination – capture a bandeira; Free-for-All – cada um por si, o primeiro que matar 30 oponentes vence; Kill Confirmed – recupere placas de identificação, o primeiro time a conquistar 100 pontos vence; Infected – jogadores eliminados são infectados, o último a sobreviver vence; Team Deathmatch – dois times um contra o outro; e Search & Destroy – times se revezam para defender ou tentar destruir o objetivo.

Entre os novos temos: Blitz – chegue até o portal no ponto de respawn dos inimigos; Cranked – mate oponentes antes que o tempo acabe, cada morte reinicia o cronômetro; Grind – recuperar plaquetas de identificação; Hunted – disponível em modos de time ou solo. Os recursos são limitados, lute pelo controle de armas e sobrevivência, e por fim Search & Rescue – times se revezam para defender ou tentar destruir o objetivo. Recupere plaquetas de identificação para permitir, ou impedir, o retorno de outros jogadores.

Mas certamente os dois modos mais interessantes são o Squad e o Extinction (liberado após jogar o modo campanha). O primeiro permite que o jogador crie um esquadrão de soldadostotalmente personalizados, com escolhas de classes – para combater outros usuários (ou uma IA bem agressiva) no campo de batalha. Os usuários podem jogar no modo cooperativo ou um contra os outros, e certamente vai garantir muitas horas de diversão. Aqui inclusive contamos com a presença de cachorros (também existente em outros modos), que protegem os seus donos ferozmente – e realmente podem ser uma pedra no sapato, mesmo depois de você matar o seu oponente.

Já o Extinction é um modo cooperativo para quatro jogadores que precisam sobreviver a hordas de alienígenas que invadiram a Terra, que se assemelha bastante ao modo Zombies de “Black Ops II” (ou mais ainda ao “Left 4 Dead), e sem dúvida é a grande atração do pacote de “Ghosts“. O jogador pode escolher entre quatro classes diferentes: Médico, Especialista em Armas, Engenheiro e Tanque, cada qual com suas opções de personalização, habilidades especiais e armamentos.

Missões são dadas e devem ser cumpridas no tempo solicitado para se ganhar pontos (usados para melhorar seu personagem e equipamento), e cada missão pode variar a arma utilizada, ou mesmo enfrentar os bichos – que são rápidos e traiçoeiros – de mãos vazias. Para os jogadores hardcore, é possível conquistar relíquias cumprindo desafios impostos, como matar os monstrengos usando apenas uma pistola, entra outras exigências mais capciosas. É bem desafiador, e os jogadores precisam trabalhar em equipe para montar estratégias, evoluir os personagens e manejar o uso dos escassos equipamentos e itens para tentar sobreviver. Para mim, foi a cereja do bolo.

Márcio Pacheco

Márcio Alexsandro Pacheco - Jornalista de games, cultura pop e nerdices em geral. Me add nas redes sociais (links abaixo):

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