Análises

Metal Gear Solid V: Ground Zeroes

Metal Gear Solid V: Ground Zeroes” chegou ao PS3, Xbox 360, PS4 e Xbox One em 2014, trazendo uma nova aventura para Naked Snake, o Big Boss“pai” de Solid Snake. A história do jogo ocorre logo após os eventos de “Metal Gear Solid: Peace Walker“, lançado originalmente para PSP (recebendo versão HD para PS3 e Xbox 360 posteriormente) e serve como prólogo para o “verdadeiro” MGSV, “Metal Gear Solid V: The Phantom Pain“, lançado em 2015. Como “The Ground Zeroes” foi lançado primeiro, o seu criador Hideo Kojima resolveu dar uma amostra do que os fãs podem esperar. Mas será que vale a pena a aquisição desse game/demo? Leia nossa análise abaixo e descubra.

Infiltrando-se em Cuba

A ação de “Ground Zeroes” ocorre em 1975, pouco após “Peace Walker” e nove anos antes dos acontecimentos de “The Phantom Pain“. O protagonista é Big Boss/Naked Snake, que como visto em “Peace Walker”, montou um exército de mercenários (o embrião de Outer Heaven, que aparece no primeiro MGS do PSOne), com influência direta na Guerra Fria. Snake deve infiltrar-se numa base americana em Cuba com a missão de resgatar a criança soldado Ricardo “Chico” Valenciano Libre e da agente de Cipher, Pacifica Ocean/Paz Ortega Andrade. Sem revelar muito, os eventos que ocorrem em “Ground Zeroes” irão mudar a personalidade de Big Boss para sempre.

Visualmente impressionante

Certamente o que mais impressiona em “Ground Zeroes” é a apresentação visual cinematográfica espetacular, especialmente nos consoles da nova geração (a versão de PS4 é a única a rodar em 1080p) e com certeza é o jogo mais bonito que já apareceu em um videogame até hoje. O uso do novo, e exclusivo motor gráfico, Fox Engine, mostra todo o seu poder e realmente brilha ao mostrar detalhes dos cenários de forma impecável. Os efeitos do tempo são particularmente notáveis: a belíssima chuva que cai no jogo todo durante a noite afeta de formas diferentes estruturas e objetos dos cenários, seja nos casacos dos guardas, nos telhados dos prédios, no próprio Snake ou na violenta tempestade que pode ser vista no oceano.

A mecânica do jogo oferece novos métodos de infiltração, como conduzir veículos, e a possibilidade de selecionar as missões (que aparecem depois de terminar o game uma vez) na ordem em que o jogador quiser. O cenário é “grandão“, mas tem suas limitações (longe de ser o mundo aberto que Kojima prometeu em ‘Phantom Pain’), já que Snake está dentro de uma base militar. Mas a sensação de liberdade de um jogo de mundo aberto é muito satisfatória, com várias opções de abordagens e missões paralelas para se completar. É possível andar em telhados, subir em torres, vasculhar prédios (alguns, não todos), rastejar em canaletas e até mesmo pegar uma carona escondido na traseira de um caminhão, são algumas das opções oferecidas para você montar a sua estratégia. Certamente, quando “Phantom Pain” for lançado, a estrutura de mundo aberto irá cair como uma luva no universo de MGS.

Mas se o protagonista possui novas qualidades, os inimigos também as possuem, com uma inteligência artificial mais aperfeiçoada. As forças de segurança ainda andam em suas rotas de patrulha, mas as vezes eles conversam entre si, podendo revelar coisas importantes, como a posição de armamentos ou reféns. Mas ao menor som de um ruído, ou se virem um vislumbre seu nas sombras, eles vasculham a área com luzes de busca e “fuçam” todos os cantinhos até a sua curiosidade estar satisfeita. Em alguns momentos, eles podem chamar pelo rádio companheiros para ajudar na busca, forçando você a ficar imóvel escondido ou sair atirando no estilo “Rambo“, quando inevitavelmente te detectam. Quando isso acontece, a câmera fica lenta por alguns segundos, permitindo a você encontrar quem te viu (nem sempre eles são visíveis) e eliminar a ameaça antes que ele soe o alarme para a base inteira – e até interrogá-los em busca de informações, se desejar. E aqui você pode escolher entre, fugir e continuar uma infiltração oculta, ou sair atirando em todo mundo, com uma ação em terceira pessoa bem sólida, que não fica devendo nada aos melhores jogos do gênero.

Snake vem equipado com uma metralhadora, uma pistola com soníferos (várias outras armas podem ser desbloqueadas dependendo de sua performance em uma partida), um óculos infravermelho, um binóculo – extremamente útil, pois além de visualizar coisas distantes, ele vem com um microfone embutido para captar conversas alheias e um sensor de movimentos para mostrar a posição dos guardas – e um rádio para se comunicar com o seu parceiro Kaz, que além de orientar nas missões, dá dicas úteis em tudo que você observar com o binóculos. Mas o equipamento mais importante é o iDroid, um pequeno aparelho portátil (iPod?) que mostra o mapa do local e várias informações e detalhes dos objetivos, inimigos, fitas cassetes encontradas, entre outras coisas. O interessante aqui é que, ao acessar o seu iDroid ele vai te mostrar as informações em tempo real, ou seja, a ação do game continua rolando enquanto você olha o mapa ou navega nos menus. Esse pequeno detalhe dá uma imersão incrível no universo do jogo, além de aumentar a tensão a níveis altíssimos, pois sempre corremos o risco de ser atacados enquanto mexemos no “brinquedinho“.

Mas talvez, a maior alteração implementada em “Ground Zeroes“, que será sentida pelos fãs de longa data da série, é a saída do dublador David Hayter como a voz de Snake e a introdução de Kiefer Sutherland, famoso pelo seu personagem Jack Bauer na série de TV “24 Horas” (que volta com uma nova temporada em 2014). Admito que estranhei um pouco no começo, pois é impossível não associar a voz com o super agente vivido por Sutherland. Mas a estranheza logo passa e percebemos como o ator fica bem a vontade no papel de Snake (que podia ser um irmão de Jack Bauer), com uma excelente atuação e uma voz marcante que combina bem com o protagonista, capaz de expressar a emoção de seriedade de que o game necessita.

Mas… vale a pena?

No entanto, por melhor que os visuais, jogabilidade e dublagem sejam, nós achamos que “Ground Zeroes” ainda não merece o seu dinheiro, que aqui custa absurdos R$ 120,00 no PS4 e Xbox One e R$ 100,00 nas outras plataformas. A primeira vez que se joga ele é inesquecível, e você vai morrer algumas vezes durante a partida, mas ao todo, a campanha principal de apenas uma missão não leva mais do que duas horas para ser completada e ver os créditos finais, o que é MUITO FRUSTRANTE. Após terminar uma vez, uma segunda partida pode levar até 20 minutos, ou menos. O jogo é tão bom que a vontade de continuar jogando é insaciável, mas ficamos só na vontade.

Felizmente há um bom incentivo para continuar a joga-lo. Ao terminar uma partida, você é classificado em um ranking, e dependendo da sua posição, é possível desbloquear dificuldades maiores, armamentos, fitas de áudio e várias missões extras que ocorrem fora da narrativa principal,  entre outras coisas, que certamente vão te manter distraído por alguns dias.

Márcio Pacheco

Márcio Alexsandro Pacheco - Jornalista de games, cultura pop e nerdices em geral. Me add nas redes sociais (links abaixo):

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo

Adblock detectado

Por favor, desabilite o Adblock para continuar acessando o site!