Análises

Resident Evil 3

Resident Evil 3: Nemesis

Com dois games de sucesso lançados, Resident Evil 3 veio como último título para plataforma Playstantion, em 21 de setembro de 1999 no Japão; a Europa e EUA ganharam suas versões alguns meses depois. Pode-se dizer com convicção que a série deu uma merecida despedida ao console da Sony, trazendo uma boa trama, elementos novos, gráficos e mecânica de jogo refinadas além de Jill Valentine como protagonista, o que agradou os fãs da heroína do primeiro game.

História

Após os “incidentes da Mansão” (Resident Evil 1), Jill e Chris tentam incriminar a Umbrella Corporation, porém sem sucesso, já que as provas foram destruídas juntamente com a mansão localizada na montanha Arklay. Nesse cenário, Chris segue à Europa a fim de conseguir mais provas contra a empresa farmacêutica, enquanto que Jill ficaria mais algum tempo em Raccoon City e depois seguiria viagem para encontrar-se com ele. Mas como nada são flores no caminho de nossa heroína, conforme explicado no game anterior (Resident Evil 2), o T-Vírus em que William Birkin trabalhava foi exposto ao ambiente, infectando ratos e baratas que transmitiram o vírus por toda a cidade, iniciando o caos e horror que vimos no segundo game da série. Em reposta a isso, a Umbrella envia a cidade condenada sua equipe especial, a U.B.C.S. (Umbrella Biohazard Countermeasure Service), um grupo militar operado pela Umbrella juntamente com as forças policiais da cidade para tentar lidar com a infestação de zumbis ocasionada pelo T-Vírus, porém, assim como mostra na bela CG inicial do game, todo esforço é em vão e são mortos pela quantidade esmagadora de zumbis. É nesse cenário que Jill iniciará sua nova aventura, revivendo os horrores do incidente na mansão de Arklay, porém em maior escala.

Tirando esse ponto de partida, é preciso entender cronologicamente Resident Evil 3: Nemesis. Ele acontece um dia antes de Resident Evil 2 e termina dois dias depois do mesmo (RE2), então, você viverá o prelúdio do caos que tomou conta da cidade e terá conhecimento de suas consequências, sabendo que fim levou a cidade; claro que hoje em dia, só não é novidade para quem nunca jogou os games clássicos da série. Diferentemente dos games anteriores, onde você passava maior parte do tempo do jogo dentro de instalações como mansões e laboratórios, aqui você percorrerá bastante pelas ruas de Raccoon City, conhecendo mais da lendária cidade. A trama gira em torno das consequências vistas em Resident Evil 2 e na queima de arquivos promovida pela Umbrella para tentar encobrir sua culpa em todo esse caos que envolveu a cidade, o que nos apresenta muitos novos personagens, entre eles os integrantes sobreviventes da UBCS, como Carlos Oliveira e Nicholai Ginovaef só para citar alguns além de um novo chefe memorável, o protótipo do Tyrant, Nemesis, encarregado do extermínio dos membros sobreviventes da STARS.

O jogo continua trazendo elementos consagrados da série, como uma história cheia de mistérios, files para descrever o caos na cidade e dar dicas sobre a história e trama do game além de diferentes personagens para darem maiores explicações, porém, infelizmente, Resident Evil 3 não faz isso de forma memorável como é visto em Resident Evil 2. A começar pela ausência dos dois cenários, A e B, logo, praticamente 90% do game se passa na ótica de Jill – os outros 10% no controle de Carlos Oliveira -, no entanto, a fim de compensar isso o game tem uma duração relativamente maior que os cenários; se for na manha, é possível que a aventura dure cerca de 3 horas. Outro fator que tira um pouco do brilho da trama são os personagens, principalmente o brasileiro Carlos Oliveira, que não possuí carisma algum e é sem sombra de dúvidas um dos personagens mais fracos da série.

Felizmente, Jill e Nicholai seguram a onda e desempenham muito bem seus papéis em conjunto com outros personagens secundários, evitando que Carlos e outros estraguem o clima da aventura. Novamente afirmo, a trama de Resident Evil 3 não é ruim, pelo contrário, é boa cheia de mistérios e nos presenteia com um pouco mais sobre a cidade de Raccoon City, como as consequências dos games anteriores, porém ela (trama) não possui o mesmo charme e competência visto em RE2, principalmente nos personagens, que tirando Jill, os demais deixam a desejar, ainda mais depois de controlar a dupla Claire e Leon.

Novos elementos

A mecânica de jogo é basicamente a mesma, visão em terceira pessoa com diferentes ângulos de câmera e cenários pré-rendenrizados. O que difere nesse jogo dos demais são os novos elementos que a Capcom incluiu, como sistema de esquivas, sistema de escolhas e fabricação de munição, portanto, irei explica-los por partes.

Jill agora conta com alguns movimentos novos que podem ser acionados com combinações de dois botões ou mais no controle, dependendo do movimento desejado. É possível, por exemplo, desviar-se dos socos de Nemesis esquivando-se para todos os lados, conforme a necessidade ou sua escolha, ou empurrar os zumbis antes de ser mordido. Isso corrige a sensação de personagens “duros” vistos nos dois jogos anteriores, tornando-os mais ágeis e permitindo ao jogador reagir as ameaças de formas diferentes do que simplesmente correr e atirar, o que nem sempre era suficiente dependendo da situação. Dominar por completo as esquivas exige certo esforço, já que para cada situação é necessário escolher uma combinação diferente, mas com toda certeza vale o esforço, nos poupando de virar saco de pancadas dos inimigos do game; eles aparecem em maiores quantidades.

Outro fator bem divertido no game é o sistema de escolhas em alguns momentos chaves do game, normalmente quando Nemesis aparece. Nesses momentos, a tela congela, com um efeito muito bacana onde a tela muda de cor ficando preto em branco até a escolha desejada, e serão apresentadas duas opções ao jogador. Dependendo de sua escolha, Jill efetuará ações diferentes, como simplesmente correr de Nemesis ou eletrocutá-lo com um fio de alta tensão enquanto o mesmo estiver em uma poça d’agua. Esse sistema de escolhas é bem vindo e apesar de não influenciar muito na história do game traz uma variação interessante, como o número de confrontos com Nemesis ou a duração da aventura; há uma escolha que leva por um final mais rápido, porém menos gratificante.

Finalizando as novidades significativas está o sistema de criação de munições. No decorrer da aventura você encontrará Pólvoras (Gun Powder), que são dividas em A, B e C, sendo a última combinação de A e B. É possível combinar pólvoras do mesmo estilo ou combina-las entre si, sendo a única limitação o limite máximo de três pólvoras por combinação, ou seja, é possível combinar as pólvoras três vezes, depois é necessário juntar outras pólvoras para fazer diferentes combinações. Após isso, o jogador fará uso de um item chamado Reloading Tool, que pega as pólvoras e transforma em munição, de acordo com a pólvora escolhida (A, B ou C) ou dependendo da combinação. Com isso em mente, saiba que é possível fazer munição para quase todas as armas do jogo, com algumas exceções, como o rifle que Carlos usa.

Tirando essas três novidades principais, existem mais algumas pequenas, como novos inimigos, novos pluzzes bacanas e bem diversificados e algumas cenas opcionais com personagens secundários; para isso, basta em determinados momentos do jogo voltar a cenários definidos para ver esses personagens secundários em ação, como a filha de Dário, entre outros. Algo que diz respeito também a mecânica de jogo e que vale a citação é como o game difere de Resident Evil 1 e 2, isso porque Jill já é uma veterana quando se trata de encarar zumbis e monstros bisonhos, logo o comportamento da personagem nas cenas de corte, a trilha sonora, tudo mudou pensando nisso trazendo um clima diferente do que é visto, por exemplo, em Resident Evil 2; o jogo continua proporcionando sustos, continua sendo um survivor horror, mas quem jogou os três games clássicos vai perceber um clima maior de “sobrevivência” do que de “terror” propriamente dito.

Embate, Hard Mode VS Easy Mode!

O game traz dois modos de dificuldade, Easy (fácil) e Hard (difícil). Esses modos de jogo não influenciam somente na quantidade de munição e recursos ou dificuldade dos inimigos, mas trazem algumas mudanças significativas que valem ponderação do jogador na hora de escolher. No modo Easy, o jogador iniciará o game com muita munição e praticamente todas as armas do game já no baú, incluindo o rifle que Carlos usa, além dos privilégios básicos, como inimigos mais fáceis, mais recursos, etc. Em contrapartida, o modo Hard traz um incentivo muito bom, como itens que caem de Nemesis após derrota-lo, sendo alguns deles pedaços de armas que podem ser combinadas e formarem duas armas novas, muito boas e que usam munições mais comuns no game, as de Handgun e Shotgun. Além desses itens que caem ao jogar no modo Hard permite abrir os segredos e epílogos do jogo ao zera-lo, sem contar que o Hard não é lá tão “Hard”, tendo uma dificuldade acessível mesmo para quem não possui muita habilidade.

Gráficos e Trilha Sonora, sem novidades, bons como se esperava.

Como dito anteriormente, os gráficos continuam com os diferentes ângulos de câmera em terceira pessoa e cenários pré-renderizados. Os cenários são todos bem diversificados, passando desde as várias ruas, becos e vielas de Raccoon City, além de muitas outras localidades, como cemitério, o nosso saudoso Departamento de Polícia de Raccoon City (RPD), laboratórios secretos da Umbrella, Restaurante, entre muitos outros. Além de essas instalações serem bonitas, detalhadas e diversificadas, explorar Raccoon City é muito divertido, primeiro porque após RE2, explorar mais da cidade lendária passou a ser um desejo dos jogadores e segundo que o trabalho da Capcom foi realmente excelente, com uma ambientação de primeira, cenários cheios de detalhes que contam mais da história e caos vivido na cidade e, convenhamos, andar pelas ruas de Raccoon explodindo cabeças de zumbis e tudo mais que vier pela frente é muito divertido, não há como negar!

Com cenários bonitos e detalhados, faz-se necessário que a qualidade da modelagem dos personagens, inimigos e itens seja tão boa quanto e a Capcom mostra mais uma vez que sempre é possível melhorar o que já era bom. Os personagens e inimigos possuem animações mais fluidas e modelagens bem mais refinadas, tirando a sensação de personagens parecidos com manequins vistos em RE2, as texturas estão melhores definidas e as armas mais fieis a seus modelos reais tidos como base, tal quais os diversos itens do jogo, que estão muito bem feitos também. Os efeitos diversos do game, como explosão, sangue jorrando, água entre outros estão melhores e mais presentes.

A trilha sonora continua em alto nível, talvez único ponto que mereça nota 10 em todos os três games. São belíssimas composições, variadas e em grande número pontuando os diversos momentos do game, mostrando que os compositores Saori Maeda e Masami Ueda sabem o que estão fazendo e captaram bem o clima do jogo; os efeitos sonoros seguem o alto padrão de qualidade. Realmente, a parte técnica do jogo merece todos os elogios, que a seu estilo, se diferenciou de vários outros clássicos do Playstation trazendo bons elementos, como gráficos e trilha sonora de primeira.

 

Extras

Ao finalizar o game, pontos são atribuídos baseados em seu desempenho durante a aventura, como quantas ervas usou, número de saves, entre outros aspectos. Dependendo de sua pontuação e certos requisitos que cumpriu (como pegar todos os files), vários segredos (extras) são liberados. São eles: Uma chave especial que abre a Boutique (perto de um bar no começo do game, onde você se encontra com Brad), lá estará cinco roupas novas para Jill que são liberadas conforme seu desempenho no game; Epílogos, que contam o que aconteceu com os principais personagens da série depois dos três jogos; Arquivo Secreto após pegar todos os file, o Game Manual do jogo se transforma em Jill’s Diary, que trazem algumas informações a mais sobre a história do game; e por fim, um modo de jogo que virou febre em Resident Evil 4, The Mercennaries: Operation Mad Jackal. Nesse último, você controla três personagens do time UBCS (Carlos, Nicholai e Mikhail) e tem uma bomba presa a seu corpo.

Sua missão é simples, chegar ao galpão inicial do game antes que o tempo se esgote para recolher sua recompensa, sendo que você começa no Trolley, vagão de um bonde onde os sobreviventes do time UBCS se estabeleceram. Para ganhar tempo – marcador começa com 2 minutos –, você deve salvar os sobreviventes e matar inimigos, sendo que cada um deles rende segundos preciosos para que possa chegar até seu destino. A modalidade é bem divertida e rende um bom desafio, principalmente com Nicholai, que tem uma pistola com só um pente e uma faca, além de alguns itens de cura. No final seu desempenho é avaliado e convertido em pontos, que podem ser utilizados para comprar armas com munição infinita ou um item que deixa todas as armas da campanha com munição infinita.

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