Análises

Silpheed: The Lost Planet

– o clássico do Sega CD em sua versão para PS2 –

Como aqui na Gamehall não falamos apenas dos últimos lançamentos e sim dar espaço também aos jogos antigos, vamos curtir uma retro-análise, e o game escolhido é Silpheed: The Lost Planet, um belo jogo shooter (ou como prefiram jogo de “navinha” ou de “tiro”) que saia em 2000 para o Playstation 2. Foi um dos jogos de primeira geração para o então novo console, entretanto a história da produção de Silpheed é beeeem mais antiga.

Ainda conosco leitor? Então vamos para a aula de história gamística do dia, com certeza você não irá se arrepender, afinal um pouco de cultura e história (mesmo que de games) nunca é demais, não é? No longínquo ano de 1986 (muitos aqui talvez nem fossem nascidos ainda) a saudosa Game Arts (hoje com suas ações compradas por outras empresas como Square-Enix e Bandai – e mais conhecida pela série Lunar e pela série Grandia) lançava para computadores japoneses o jogo Silpheed, um shooter bacaninha que usava gráficos vetoriais 3D, mas sem nada de muito especial, fazendo um sucesso razoável.

essa belezinha é a nave que você irá pilotar, a Silpheed AS-77

Sete anos depois, em 1993 para ser mais exato, depois de já ter lançado vários games e se consolidado como uma boa softhouse, a Game Arts relançaria Silpheed para o Sega CD (leia nossa análise aqui). Não apenas um mero remake, mas um game totalmente reformulado e revolucionário, que mostrava gráficos poligonais belíssimos e cenários pré-renderizados incríveis.

Em pleno auge da batalha Sega vs Nintendo pelo mercado de 16 Bits, Silpheed chegava para mostrar do que o Sega CD era realmente capaz de fazer (e que nenhum outro jogo conseguiu fazer na época). Quase ao mesmo tempo também saia Star Fox com o seu também revolucionário chip FX para o Super Nintendo. Como o 16 Bits da Big N era mais popular que o Sega CD, o jogo da raposa espacial teve mais repercussão, porém em termos técnicos, Silpheed era muito mais superior que o seu rival.

Sega CD vs PS2

Mais sete anos se passaram, a Sony lançava em 2000 o seu maior sucesso, o Playstation 2. A Game Arts (juntamente com a Treasure – criadora dos maravilhosos Radiant Silvergun e Ikaruga) lançava então mais um remake, agora baseado na cultuada versão do Sega CD e nascia Silpheed: The Lost Planet.

Porém, ao contrário do seu irmão de 7 anos, a versão de PS2 não era revolucionária e não fez muito sucesso, afinal o estilo shooter já era considerado mais do que ultrapassado e a molecada queria jogos mais avançados. Lost Planet é mais como uma homenagem ao clássico do Sega CD (com a mesma abertura fodástica, músicas e inimigos) do que um remake totalmente reformulado e inovador, mas com gráficos belíssimos graças ao poderoso processador do PS2, e com aquele ar nostálgico dos antigos shooters. Herdou ainda a jogabilidade estilo Galaga (clássico shooter da Namco – morra de vergonha se nunca ouviu falar).

Apesar de considerado “ultrapassado”, mesmo assim é um ótimo shooter, mesmo que de forma geral ele seja inferior à versão do Sega CD (e já vamos explicar detalhadamente o porquê disso), ele vale a pena ser jogado, ainda mais se você for um fã dos saudosos jogos estilo “navinha” ou “tiro”.

o jogo contém belíssimas cutscenes, essas são as tropas aliadas

O Planeta Perdido nos confins do espaço

A história não prima pela originalidade, mas os elementos sci-fi existentes dão conta do recado. Durante a bela abertura você fica sabendo que mais de cinco séculos já se passaram desde que a humanidade se arriscou pelo espaço pela primeira vez. Embora sofressem com ocasionais guerras civis e agitação, a humanidade passa por um período de paz e prosperidade.

O planeta Solont, localizado próximo ao centro da galáxia, é o primeiro mundo a ser colonizado pelo homem e está a ponto de ser visitado por uma nova e desconhecida forma de vida. Trinta e um anos após a Guerra Civil de Xacalite (história mostrada no Sega CD), a humanidade está prestes a enfrentar uma nova ameaça – uma terrível ameaça que vem dos mais obscuros e longínquos cantos do universo, uma forma de vida parasita que vem destruindo tudo por onde passa, e na sua rota está o distante planeta que a humanidade chama de Terra.

esse é o planeta Solont, que será devastado pelos alienígenas

O futuro da humanidade agora está nas mãos dos habilidosos pilotos do Esquadrão Silpheed, composto pelos melhores pilotos da Federação das Forças Planetárias dos Espaços. Cada piloto neste grupo de ases do espaço voa no Silpheed AS-77 Tipo J, com uma grande capacidade defensiva e dois enormes canhões como arma que possibilitam incomparáveis combinações e flexibilidade de poder de fogo.

Agora cabe a você liderar o Esquadrão Silpheed, encontrar o planeta perdido dessa ameaça alienígena e salvar a galáxia. Apenas mais um dia na vida de um jovem piloto, não?

Gráficos de outro planeta

Assim como a versão do Sega CD, o que mais chama a atenção em Lost Planet são os belíssimos gráficos. Coloridos e vibrantes, com uma incrível utilização de efeitos de luz e sombra que são de encher os olhos, mode 7 e parallax e câmera 3D. Os gráficos seguem o mesmo estilo usado no Sega CD, você controla uma nave ao fundo com visão superior inclinada com cenários ao fundo sendo percorridos. Claro que no PS2 esses gráficos são muito mais belos e refinados, com incrível nível de detalhes que no Sega CD não era possível na época.

voe pelo campo de asteróides e destrua os inimigos pelo caminho, saca só o visual ao fundo

Sua nave está maior na tela e muito mais detalhada assim como as naves inimigas, que estão mais variadas, com várias formas e cores, oferecendo uma lista de inimigos mais extensa e melhorada do Sega CD (várias naves inimigas da versão Sega CD estão presentes, mas bem mais bonitas).

Os chefes de fase agora realmente são grandes (no Sega CD eram pequenos e todos meio parecidos) e bem variados, alguns com design bem diferente, arrojado e criativo (formas de vida biomecânicas). Além dos chefes há também os sub-chefes que aparecem pela metade da fase, dando um gostinho do que está por vir. Chefes e naves grandes irão valer explosões espetaculares na tela da TV.

olha só o tamanho da criança, sub-chefe da primeira fase

Enquanto você pilota e destrói inimigos pelo espaço, ao fundo da tela se desenrola incríveis cenários, maravilhosamente ultradetalhados e bem feitos. São planetas, bases inimigas, espaço, campo de asteróides, tudo com gráficos soberbos. Entretanto, fica aqui uma ressalva em comparação ao Sega CD, que apresentava em seus cenários de fundo muita coisa acontecendo, como cruzadores estelares (inimigos e aliados) sendo destruídos, naves em combates ferozes, tiros, explosões entre outras coisas.

E na versão para PS2 essa “historinha” ao fundo é mostrada de forma bem tímida, apesar do visual impressionante, o Sega CD tinha mais ação rolando ao fundo que era muito legal de se ver, você realmente se sentia dentro de uma batalha espacial. O último chefe, que é o mesmo do Sega CD, infelizmente não impressiona como a versão antiga. Desta vez ele aparece inteiro na tela e na versão Sega CD ele era tão grande que não se podia ver totalmente na tela. Ficou bem menos imponente e impactante.

Felizmente as cutscenes permaneceram com um visual chapante de se tirar o chapéu, com sua nave voando entre sua frota, as frotas inimigas, planetas sendo destruídos. São belas de se assistir e enriquecem o enredo do game, deixando-o mais envolvente com a história. O game possui duas aberturas, uma que conta a história do jogo e a outra que é um remake da fantástica abertura do Sega CD, agora muito mais refinada e bonita (confira a abertura clicando aqui).

os efeitos gráficos de cores, luzes e sombras são fantásticos

Música espacial

A trilha sonora segue o mesmo estilo da versão antiga, com músicas dramáticas e clima intenso para batalhas espaciais. Algumas músicas são versões remixadas do Sega CD, enquanto outras são totalmente novas. São músicas bacanas, mas certamente não são as melhores que já apareceram em um shooter (eu mesmo consigo pensar em uns quatro shooters de Mega Drive com uma trilha sonora mais inspirada). Assim como no Sega CD, as melhores músicas são a da abertura e de encerramento, que por sinal são as mesmas da versão antiga.

Já os efeitos especiais merecem um destaque a parte, que estão perfeitos. Sons de explosões, sons de suas diferentes armas, alarmes, naves voando, asteróides sendo destruídos, seus companheiros falando com você (novamente na versão Sega CD há mais interatividade com os seus companheiros, que falavam mais e até faziam piadas). Os sons de explosões dos chefes são espetaculares, que combinadas com o visual são um show e tanto.

Jogabilidade e dificuldade

Duas coisas importantíssimas em um shooter, a jogabilidade e a dificuldade. Não adianta nada o game ter um visual impecável e pecar na jogabilidade. Felizmente Lost Planet não tem esse problema, sua nave é fácil de se movimentar em todas as direções com movimentos rápidos e precisos. Você está vendo aquele carinha no fundo da tela, certo? Aquele é você. Lá no alto há um monte de coisas vindo. Aquilo são eles. Sua missão, controlar sua nave e destruir todos eles.

Além do direcional para movimentar você pode usar um botão para a sua arma do lado esquerdo, outro botão para o lado direito ou ainda para facilitar, um botão que dispara os dois lados automaticamente. Só isso, sem botão para troca de armas, para ajuste de velocidade, tiros especiais, blá blá blá. Simples e funcional. Falando em armas você tem a sua disposição 9 tipos diferentes (no Sega CD eram 4) que serão habilitadas de acordo se avança nas fases. Todas as 9 armas são bem diferentes entre si, você ainda pode colocar um tipo para o lado esquerdo e de outro tipo para o lado direito. Dependendo da fase um determinado estilo de arma pode facilitar sua vida, por isso jogue com todas e veja quais se adaptam melhor em cada situação. No inicio de cada fase você pode escolher suas armas e na metade da fase virá uma nave aliada para fazer reparos em sua Silpheed (recarregar sua vida) e você pode mudar as armas se desejar.

Como já dito no inicio da análise, o jogo mantém uma jogabilidade estilo Galaga, com a visão superior da sua nave e destruir milhares de inimigos que aparecem pela frente. Gamers veteranos vão adorar, os mais novos podem achar meio retrô, mas dêem uma chance. Para aqueles que são loucos por altas pontuações, Lost Planet possui um sistema de combo bem interessante, quanto mais próximo você destruir seus inimigos, mais pontos você ganhará, podendo multiplicar por x2, x4, x8 e finalmente x16 para uma pontuação destruidora.

A ação é intensa e frenética, várias naves voando em formação pela tela, tiros por todos os lados, explosões, etc. Fique bem atento, uma piscada e já era. Agora sobre a dificuldade…. infelizmente Lost Planet é um shooter muito fácil, especialmente para jogadores veteranos acostumados com os bons e velhos shooters da época 8 e 16 Bits. Apesar da tela pipocar inimigos e tiros, não é difícil mata-los e se desviar e os continues são infinitos. Os chefes de fase não requerem nenhuma estratégia (um ou dois apenas tem que acertar em pontos específicos) bastando atirar até derrota-los. Para os novatos certamente será um bom desafio.

Agora um grande puxão de orelha na Game Arts/Treasure, Lost Planet possui somente 6 fases! Para um jogo tão fácil, com continues infinitos, 6 fases é algo ridículo para um shooter. Em trinta minutos ou menos você termina o jogo. A versão do Sega CD tinha 12 fases, além de uma dificuldade maior.

“All systems green, see you later”

Márcio Pacheco

Márcio Alexsandro Pacheco - Jornalista de games, cultura pop e nerdices em geral. Me add nas redes sociais (links abaixo):

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