Análises

Teenage Mutant Ninja Turtles: Smash-Up

– as tartarugas ninjas estão de volta num clone de Super Smash Bros Brawl em seu Wii –

Rafael, Michelangelo, Leonardo e Donatello, grandes artistas da pintura? Que nada! São as Tartarugas Ninjas! Elas estão de volta em um novo jogo de luta ao melhor estilo Super Smash Bros Brawl. E felizmente não em outro malfadado filme ou alguma animação esquisita na esperança de ressuscitar a franquia. Teenage Mutant Ninja Turtles: Smash Up é o novo game dos personagens que eram febre nos anos 80/90 e hoje andam meio esquecidos, para os consoles Nintendo Wii e PS2.

Para você gamer que é mais novo e não viveu na época em que as Tartarugas Ninjas dominavam o mercado e não está familiarizado com as personagens, aqui vai um breve resumo das verdinhas: as Tartarugas Ninjas são um grupo de quatro tartarugas (deeerrr) mutantes e ninjas, treinadas pelo mestre Splinter, um ratão também mutante. Seus nomes derivam de grandes artistas renascentistas: Leonardo, Rafael, Donatello e Michelangelo. Elas vivem nos esgostos de Nova York (eca) e seu grande inimigo é o Destruidor (Shredder), líder de uma gangue de ninjas. Elas adoram pizza e possuem o bordão característico “Cowabunga!”.

Elas foram criadas em 1984 numa história em quadrinhos para a Mirage Comics. Mas a popularidade mesmo só chegou após o desenho animado, que se iniciou em 1987 e durou nove anos, até 1996. Eu assistia esse desenho e era muito bom, muito melhor que os filmes (foram quatro bombas!) e a nova animação. O sucesso do desenho também gerou bons games, produzidos pelas mãos competentes da Konami. O primeiro game deles foi lançado para o Nes (o nintendinho 8 bits), numa longíngua data de 1988, ganhando então uma versão para os fliperamas (que virou uma verdadeira mania, todo mundo queria jogar o fliper das tartarugas).


A animação de 1987, feita pela Murakami-Wolf-Swenson Film Productions Inc., foi mais centrada no humor do que na violência, com adaptações como as cores nas bandanas das Tartarugas (originalmente as 4 eram vermelhas; a alteração passou para todas as outras mídias), a origem de Splinter e a profissão de April O’Neil (de programadora para repórter), e adições como o vilão alienígena Krang e os capangas tapados Bebop e Rocksteady. Os personagens ganharam grande popularidade e se tornou uma das séries de animação mais bem sucedida da história. Esta animação foi a mais proeminente e bem-sucedida utilização da franquia das Tartarugas Ninjas e é considerada por muitos fãs a sua versão definitiva.

O arcade foi um grande sucesso e logo vários outros jogos para diferentes consoles foram lançados,  mas de todos eles acho que vale a pena citar apenas um: Teenage Mutant Ninja Turtles: Turtles in Time, era o novo game para fliperama, lançado em 1990 e considerado por muitos como o melhor momento das Tartarugas Ninjas nos games. Em 1991 o recém-lançado Super Nintendo ganharia uma ótima conversão (tempos depois também sairia para o Mega Drive) e as Tartarugas usufruiam da sua fama mundial, com um desenho animado de sucesso, vários games nos principais consoles e fliperamas da época e todo o tipo de bugigangas com a estampa delas. Mas então, ainda nos anos 90, alguma coisa aconteceu e as Tartarugas foram caindo no esquecimento, a qualidade do desenho caiu e o lançamento de games foram ficando mais raros, de vez em quando saindo alguma coisa, mas nada que chegue perto do sucesso das antigas.

Anunciado ano passado, TMNT-SU foi produzido pela Game Arts (responsável por games como as séries Grandia, Lunar e Silpheed, além de ter trabalhando no Super Smash Bros. Brawl) e com alguns ex-membros da Team Ninja, que trabalharam em Ninja Gaiden II. Com um currículo desses era de se esperar um jogo destruidor, mas será que isso aconteceu? Continue lendo nossa análise e descubra.



Santa tartaruga, parece mas não é

Videos e trailers foram lançados, o hype aumentou, o jogo prometia ser um dos melhores, usando a mesma fórmula de Super Smash Bros Brawl, ou seja, com muita pancadaria e diversão. Infelizmente todo o hype foi em vão. Acho que todo mundo já sabe como Smash Bros é bom, não é? O principal problema de TMNT-SU foi justamente a sua “inspiração” de SSBB, sendo praticamente um CLONE de quase tudo do famoso game, desde a seleção dos personagens até o funcionamento do Wii Remote e o Nunchuk (pode-se usar o controle clássico e do Game Cube também). Só que ao invés de Mario e cia, você terá os personagens das Tartarugas Ninjas. E onde fica a originalidade e criatividade dos bons tempos da Konami? No esgoto das Tartarugas com certeza é que não estão.

Mas você pode estar pensando “poxa, um clone do SSBB com as tartarugas ninjas, até que soa bem”, mas então surgem os outros probleminhas. Primeiro os gráficos, que não são tão refinados  e bonitos como em SSBB e não são um primor de originalidade, mas  in-game até possuem boas animações e backgrounds, os design dos personagens também estão bons na medida do possível (foram baseados no horrível filme de CG de 2007). Poderiam estar melhores, é verdade, mas não estão tão ruins. Porém as CGs das cutscenes (se é que eu posso chamá-las assim) estão ruim de doer a alma. As animações, baseadas nos quadrinhos, são feias e mal feitas, até uma criança faria melhor se estivesse aprendendo a usar o Flash Player. A jogabilidade por outro lado é bem tranquila e os personagens possuem uma boa quantidade de golpes.

Você usa dois botões para atacar e movimentos especiais são feitos através do control stick do Nunchuk, só que aqui há uma tradicional barra de energia e os personagens podem usar as paredes para ataques mais devastadores.

Então temos mais outro problema, esse o mais grave de todos. Ao todo são 16 personagens selecionáveis (bem longeeee dos 35 de SSBB) que a primeira vista até é um número razoável. Mas então você começa a jogar, apenas alguns estão destravados, quatro deles são as tartarugas, então temos Casey Jones, a April e o Mestre Splinter. As quatro tartarugas apesar de usarem armas diferentes, possuem um estilo de luta muito similar. O mesmo acontece com os outros três. O resto dos personagens? Também são todos muito parecidos, ao invés de 16, poderíamos dizer que o game tem oito lutadores. Como se não bastasse, três dos personagens nem pertencem ao universo das Tartarugas Ninjas, são aqueles coelhos idiotas do jogo Rayman da Ubisoft, os Rabbids. Se ainda fossem uns personagens bacanas como Sonic, Link, Snake… onde estão Bebop e Rocksteady, dois dos personagens mais adorados da franquia das Tartarugas Ninjas e que foram deixados de fora? Trocados por três coelhos estúpidos? Por favor né… isso sem falar do tal Nightwatcher, personagem que apareceu apenas no filme de 2003 e é um clone de Rafael.


Você pode jogar no modo Arcade que apresenta uma historinha bem “furreba”, com o Mestre Splinter organizando um torneio entre eles apenas para propósitos de treinamento. O vencedor, além de se gabar, ganhar um dos troféus do Mestre Splinter. Depois de algumas lutas, o Destruidor aparece de bicão na festa. Com tantas histórias bacanas das Tartarugas Ninjas que poderiam ser aproveitadas, a Game Arts vem com uma narrativa frustrante, com menos de três minutos de história, no minímo uma decepção.

Mas como qualquer jogo de luta, TMNT tem seu ponto alto ao se jogar com os seus colegas. Quatro pessoas podem jogar ao mesmo tempo, ficando um pouco mais divertido do que a fraca IA do computador. Em times ou cada um por si, o game disponibiliza várias combinações de jogabilidade, podendo-se criar um torneio com oito participantes. Novamente a limitação de personagens, já que oito é um número muito baixo, sendo que a maioria dos jogos têm opção para 16 jogadores, isso se não forem 32 ou 64. Há também a possibilidade de se joga no modo multiplayer online sem problemas de lags, o que acontecia no SSBB.

Há uma câmera que se aproxima e afasta durante a luta. Quando há muitos personagens na tela, a câmera se afasta para mostrar todos de uma vez. Como vários deles são parecidos é fácil ficar perdido e não saber quem é quem. A trilha sonora é fraca, bem que poderia ter as músicas clássicas dos anos 80/90 remixadas, mas não espere nada disso. As vozes e dublagens, feitas pelos dubladores originais do desenho animado estão boas, mas nada de espetacular. Você pode destravar personagens, cenários e uniformes alternativos nos modos Arcade e Mission, além de um modo Survival.

 

Força de Tartaruga! Santa Tartaruga! Cowabunga!

Márcio Pacheco

Márcio Alexsandro Pacheco - Jornalista de games, cultura pop e nerdices em geral. Me add nas redes sociais (links abaixo):

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