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Phantasy Star “nasceu” para ser um RPG diferente de tudo que havia na época

Tão interessante quanto o game, é a história por trás dele

Aqui no Brasil, o primeiro Phantasy Star (em português pela TecToy) foi a porta de entrada para muitos jogadores “das antigas” a iniciarem no bom e velho gênero de RPGs em turnos. No entanto, você já se questionou qual a história por trás desse game que originou uma série que perdura até os dias de hoje?

Em meados da década de 1980, os RPGs estavam começando a ganhar popularidade entre os japoneses, especialmente com a série Dragon Quest, que era muito popular no Famicom (Nintendinho japonês), além de que os jogos do gênero do ocidente, como Ultima e Wizardry, também estavam ganhando popularidade por lá. Some isso ao fato de que outras empresas também estavam começando a apostar no gênero, e a SEGA achou que um RPG para o Master System seria uma boa ideia para esse mercado emergente.

Como na época a SEGA tinha pouco apoio de estúdios terceirizados, eles quiseram que uma equipe interna desenvolvesse um jogo do gênero. Nesse contexto, dois funcionários se interessaram: Kotaro Hayashida, que trabalhou em Alex Kidd in Marcle World, e o Yuji Naka, que no futuro seria considerado o pai do Sonic. Eles apresentaram um protótipo de projeto e, com a aprovação da SEGA, um RPG se iniciou.

A equipe tinha cerca de dez pessoas, sendo Hayashida o designer líder e o Naka o programador líder. Na época, havia mais mulheres dentro da equipe de desenvolvimento do que era típico na época, incluindo a designer Rieko Kodama, a também designer Miki Morimoto, que funcionou como beta tester, e Chieko Aoki, que escreveu a história do jogo. Eventualmente, o designer de personagens Naoto Ohshima, que no futuro seria considerado a mãe do Sonic por ter concebido o personagem, também entrou na equipe, sendo o primeiro trabalho dele na SEGA.

Curiosamente, o projeto não teve um diretor, sendo que todos na equipe davam ideias e implementavam no jogo. Além disso, a equipe trabalhava dentro de uma mesma sala, e a SEGA deu liberdade a eles de desenvolverem o game como quisessem e sem restrições. Já o nome “Phantasy Star” surgiu por conta de Naka, que gostava de uma música chamada “Nagisa no Fantasy”, e ele tirou o “Fantasy”.

A equipe queria que o Phantasy Star se diferenciasse de outros RPGs de seu tempo, e por isso eles decidiram que o game não teria temática medieval, mas sim uma mescla de ficção científica com fantasia medieval, sendo influenciados pelo Star Wars, mas combinando com elementos do Japão, como roupas que lembro uniformes de judô, e os sabres de luz sendo usados como espadas de samurai.

Na época, o uso de aeronaves era comum nos jogos do gênero, então eles quiserem acrescentar um veículo que servisse para passar por partes de terreno anteriormente indisponiveis. Além disso, os monstros das batalhas em jogos de RPG eram apenas imagens estáticas, e eles quiseram animar os monstros para que ele fosse a parte. No entanto, devido as limitações do console, não era possível desenhar sprites gigantes, então os monstros foram desenhados como background, e apenas as partes animadas foram desenhadas como sprites.

Além disso, a equipe quis aproveitar ao máximo o uso de animações para deixar o ambiente “o mais vivo o possível”, então os oceanos estariam sempre se movimentando, as esteiras rolantes também. Outra novidade eram as dungeons em 3D, sendo inspirado nos jogos de “dungeon crawling” comuns no ocidente, além de que ele foi desenhado porque o Nintendinho não seria capaz de utilizá-lo.

No início, os artistas estavam desenhando fundos em 2D usando a perspectiva 3D, para que cada uma das dungeons fosse bem singular. No entanto, isso ocuparia muito espaço no cartucho, então ficou decidido que os ambientes seriam paredes quadriculadas em 3D, dando um efeito bastante bonito para o console.

Outro ponto de diferenciação é a protagonista Alis ser uma mulher, já que nessa época a gigantesca maioria dos protagonistas de todos os tipos de jogos eram homens, e as mulheres se resumiam a princesas ou namoradas dos protagonistas em papeis secundários. Ela foi idealizada pela Rieko Kodama, que fez diversos desenhos até encontrar um que demonstrasse uma mulher forte, mas ao mesmo tempo feminina o suficiente para que as mulheres também simpatizassem.

Reprodução

Já Noah também foi desenhado por Kodama, e a ideia era demonstrar alguém misterioso e inteligente. No início, ele teria uma aparência mais andrógina, e a ideia era que o personagem pudesse ser um homem ou uma mulher dependendo das escolhas do jogador. No entanto, eventualmente ficou decidido que o personagem seria um homem. Já o Odin foi desenhado por Naoto Ohshima porque Kodama não gostavas de desenhar homens musculosos, e ela queria um personagem masculino que servisse de contraste com o Noah.  Por fim, a ideia de ter uma equipe diferente das tradicionais levou a concepção de um personagem que fosse um animal, vindo daí a ideia do Myau, sendo este desenhado por Takako Kawaguchi.

O cartucho tinha quatro megabits, considerado bem alto para os padrões do master, mas mesmo assim não foi possível incluir todas as ideias originais. No início, a ideia era que o game tivesse quatro planetas, mas foi diminuído para três. Havia planos também para um sistema de passwords, mas devido a limitações de memória foi cortado, e eles usaram baterias. Já a trilha sonora foi composta por Nobuhiko Uwabo, e este era compatível com um sintetizador FM capaz de dar mais canais para o chip de som do console. No entanto, as versões fora do Japão não tiveram o sintetizador FM, se assemelhando mais aos games tradicionais.

Phantasy Star foi lançado no Japão no dia 20 de dezembro de 1987, dois dias depois do primeiro Final Fantasy para o Famicom. Já no ocidente, ele chegou em novembro de 1988, introduzindo os jogadores de fora do Japão ao gênero de RPG japonês, chegando “por aqui” antes de Dragon Quest e o próprio Final Fantasy.

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