Análises

Batman: Arkham Asylum

Batman: Arkham Asylum

Depois de uma centena de jogos medíocres envolvendo super-heróis finalmente alguém acertou a mão e conseguiu passar com maestria o que os fãs viam tanto nos quadrinhos quanto nas telas do cinema. O estúdio Rocksteady criou um jogo de ação e aventura com enredo original, sistema de lutas exemplar e ousou bastante em Arkham Asylum, o que foi recompensado com vários prêmios, inclusive de jogo do ano em 2013.

It’s you again, Joker!

O game de Batman começa com o sombrio herói transportando um dos vilões mais icônicos e sanguinários do universo da série, Coringa, para uma instalação criada com o intuito de “curar as mentes distorcidas dos supercriminosos” de Ghotam City, intitulada como Arkham Asylum. Tudo parece estar indo bem quando Coringa consegue escapar e toma o controle das instalações do hospício, liberando todos os prisioneiros e dando início a aventura do Homem-morcego.

Pode ser um início clichê, mas o desenrolar da aventura trás um dos melhores enredos já vistos no universo de Batman, principalmente pelo trabalho fenomenal nas interpretações dos personagens principais, como o próprio Batman e seu eterno arqui-inimigo Coringa, que continua com sua personalidade distorcida e psicótica sem deixar seu característico humor de lado, sempre mostrando um belo sorriso para nosso herói.

Há alguns mistérios envolvendo a trama e serão respondidos conforme o jogador avança na aventura, como por exemplo, descobrir o porquê Joker tem o controle das instalações e mais sobre o passado dos personagens dentro do próprio manicômio, alias, o próprio manicômio tem uma história que é contada através de escrituras feitas por um indivíduo misterioso, revelado após achar todas as escrituras escondidas na ilha.

Batman: Arkham Asylum pode não ter a melhor trama de todos os tempos, mas é disparada um das melhores já produzidas para o homem-morcego, instigante, intrigante e sem medo de tomar certas liberdades, portanto, caso ainda não tenha experimentado a aventura, faça-o sem medo e mergulhe de cabeça no universo de Arkham Asylum.

Encarne Batman

Os trunfos da Rocksteady não se limitam apenas ao enredo, mas também a ótima mecânica de jogo que trouxe um novo modelo a ser seguido por muitos jogos do gênero, com controles coesos e um sistema de luta exemplar.

Durante a aventura você passará desde os momentos em que precisará enfrentar vários inimigos ao mesmo tempo, que cercam Batman e usam elementos do cenário para tentar derruba-lo, como também precisará agir de modo furtivo em outras situações, derrubando um a um os residentes armados de Arkham Asylum, usando-se dos muitos truques que nosso herói tem na manga sem esquecer também dos momentos de exploração e plataforma.

Essas mudanças na jogabilidade sempre são executadas de modo natural e dão uma dinâmica ao game da Rocksteady nunca antes vista em um jogo do gênero, ao menos não com essa qualidade. As lutas, por exemplo, são feitas com maestria e não se resume a esmagar sem dó os botões de seu controle ou teclado, mas em defender e desferir golpes no tempo certo a fim de conseguir melhores pontuações e combos sem levar danos de seus inimigos. Sim, é possível derrubar a maioria dos inimigos de Arkham Asylum somente esmagando os botões sem muito cuidado, porém dificilmente o jogador irá muito longe dessa maneira já que alguns deles exigem abordagens diferentes, como no prisioneiro que carrega duas facas e somente é possível acerta-lo ao atordoa-lo com a capa de Batman. Os chefes também apresentam modificações na jogabilidade, como as fases que envolvem o Espantalho onde a câmera sai das costas de Batman e se posiciona em um estilo clássico dos anos 90, saindo do 3D para um mecânica de jogo em 2D, uma jogada criativa e revigorante na extensa campanha de Batman: Arkham Asylum (a aventura dura cerca de 8 a 10 horas de jogatina).

Mas não seria um jogo do homem-morcego sem outras características fundamentais do herói, como sua furtividade e seus equipamentos mirabolantes. Em muitos momentos, somente sair “na porrada” com os capangas de Coringa não será suficiente uma vez que os prisioneiros começam a ter acesso a arsenal pesado, com metralhadoras e rifles de precisão. Para derruba-los, no entanto, Batman possui vários truques, como se pendurar em “Gargulas”, estátuas fixadas nas paredes do cenário, o que permite ao herói pegar um dos capangas despreparados e pendurá-lo até que o mesmo perca a consciência. Ainda há muitas abordagens possíveis, como derrubar inimigos de plataformas altas, atacar através de vidros, explodir paredes fracas e muitas outras.

O arsenal tecnológico é uma mão na roda, já que é possível usar, por exemplo, o Gel Explosivo para atordoar até três inimigos bem distantes um do outro, abrindo um leque imenso de estratégias que o jogador pode usar, dependendo unicamente de sua criatividade e habilidade. Vale ressaltar que também é possível usar os aparatos de Batman durante os combates, o que traz variações nos combos e rende mais pontos de experiência, pontos que são usados para liberar novas tecnologias e melhoramentos para Batman, como aguentar mais danos e aprender novos combos.

Em resumo, as possibilidades são muitas e não cabe a mim, delata-las, experimente e surpreenda-se durante a jogatina Batman: Arkham Asylum.

Explorando a ilha e resolvendo os enigmas

Um terceiro ponto importante do jogo da Rocksteady são os momentos de exploração, aonde o jogador irá, principalmente, focar-se em atingir determinados lugares inacessíveis por meios convencionais ou ir atrás dos enigmas do famoso Charada, espalhados pelos vários cenários da ilha Arkham.

Seja qual for sua intenção, mais uma vez o arsenal de Batman é necessário para atingir seus objetivos, como usar o Gel Explosivo para destruir uma parede e conseguir prosseguir na aventura ou usar a Bat-Garra para remover objetos em seu caminho ou abrir tubulações. Em todos os casos, é importante estar sempre atento ao Modo Detetive, que deixa o cenário com uma visão azulada – como se o ambiente estivesse sendo analisado por um computador – e permite a Batman visualizar com destaque pontos importantes do cenário, como os gárgulas para se pendurar, paredes com pontos fracos entre muitos outros. Esse modo também serve para conseguir pistas e seguir rastros em dados momentos da aventura e são usados com muita inteligência pelos desenvolvedores, mais uma das boas sacadas do estúdio britânico.

Os enigmas e charadas do Ridler (Charada) também são parte integrante da aventura e uma verdadeira diversão para os caçadores de troféus e conquistas, já que são numerosos e espalhados por todos os cenários, lembrando que não é possível pegar todos logo de cara já que é necessário ter todos os equipamentos do Batman a disposição para conseguir completar 100% dos enigmas do Charada. Esses enigmas variam, passando de troféus com sinal de interrogação para coletar, as escrituras que contam a história do hospício, fitas contendo áudio de entrevistas com alguns personagens importantes, bibliografia de vários personagens da série e muito mais.

Alias, além dos vários enigmas do Charada, depois de terminar a aventura principal o jogador libera troféus dos personagens que nada mais é que os modelos em 3D dos inimigos e personagens principais da aventura, numa espécie de galeria para observar o excelente trabalho na modelagem e textura de cada um, com direito inclusive ao carro e jato de Batman mostrados na aventura. Há ainda um modo denominado Challenge Mode, que são arenas fechadas com desafios diversos, como nocautear inimigos usando determinados combos ou usar os diversos truques de Batman para derruba-los furtivamente.

Gráficos e sons excelentes

Para fechar com chave de ouro Batman: Arkham Asylum apresenta um trabalho técnico quase impecável, não fossem alguns pequenos problemas, como momentos de lentidão, alguns bugs provenientes da técnica Ragdoll e o incomodo de lutar com Batman em locais apertados, já que o herói parece meio desengonçado e com pouca agilidade em locais com pouco espaço, porém, nenhum desses problemas prejudica a experiência de jogo ou mancha o trabalho excelente dos desenvolvedores.

Os gráficos de Arkham Asylum são de ponta, a começar pelos personagens que tem modelagens ótimas e com texturas em alta resolução, revelando inúmeros detalhes, principalmente nos personagens principais, que esbanjam carisma ao passo que mantém uma identidade própria dentro do jogo da Rocksteady, diferenciando-se um pouco do que já foi vistos nos quadrinhos e filmes da série.

As animações mantém o alto nível e os cenários são um show a parte, entregando ao jogador uma ilha marcante e com muitos detalhes, mesclando cenários sombrios e claustrofóbicos como os do hospital do manicômio a áreas abertas, sempre com muita personalidade e identidade visual própria; dificilmente você verá um cenário igual ao outro e todos eles mantêm uma coerência com o tema do jogo.

Destaque também para o trabalho com os diferentes tipos de materiais dentro do jogo, como o aspecto de borracha da capa de Batman, muito bem representado entre outros elementos, como madeira, pisos e azulejos. Os efeitos diversos, como de luz e sombra, efeitos de partículas, fumaça, são tratados com o devido carinho e atenção e completam o trabalho acima da média da equipe da equipe de desenvolvedores.

Os efeitos sonoros também são muito bons, a começar pela trilha sonora espetacular e que casa muito bem com o clima sombrio do jogo, mesmo que seja incidental. Os efeitos sonoros estão bem caracterizados e permeiam toda aventura, porém o ponto alto aqui é as dublagens, principalmente nos diálogos de Batman com os personagens principais, um verdadeiro show a parte e sem deixar nada a desejar as interpretações vistas nos filmes recentes de Batman, por exemplo.

 

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